terça-feira, 22 de março de 2016

Trail do Paleozóico - Brutal empeno!!!



"Todos os acontecimentos são óptimas oportunidades para a evolução."
Seicho Taniguchi



Depois de um final de Sábado assustador, em que cheguei a ponderar levar um fato de mergulho, eis que Domingo desperta com o Sol a sair do seu casulo. Volta meu amigo. Quero-te para sempre aqui, ao pé de mim :)

Conhecendo a dureza destas serras, estradões com muita pedra solta, subidas com enorme declive e respectivas descidas perigosas, inscrevi-me no percurso de 23 km, faltando-me, na hora da decisão, a coragem para me aventurar no percurso dos grandes! Fica para o ano!

Como a prova realizava-se perto de casa, a logística ficou mais fácil, não precisando de me levantar a horas madrugadoras e realizar uma viagem maçadora até à zona da partida. 

Pequeno almoço tomado, faço-o sempre duas horas antes da partida, prefiro assim, não arriscar com digestões mal processadas. Quero dar tempo ao meu organismo de assimilar todos os fantásticos (;)) nutrientes que lhe dou, aveia, iogurte magro, mel, nozes, avelãs, canela, etc. Fico com energia para umas horas, não é Dra. Patrícia?  (isto para não falar de uns belos rojões, daqueles com direito a tudo, que comi no sábado à noite)...

Depois de descobrir o que me andou a causar dores de barriga durante umas valentes semanas, e que me causou algum mal estar numas provas, as mesmas desapareceram por completo, deixando-me confiante e com boa disposição para enfrentar os duros 23 km.

Tempo agradável, temperatura amena, pelas 8:50 saímos com destino ao largo do centenário onde já estavam centenas de atletas, para os 23 km, mas também para os 12 km que partiriam meia hora mais tarde.

Cerca de 800 atletas inscritos para os 23 km, eram só estrelas, Diogo Fernandes, Pedro Sousa, Luís Gil, Armando Teixeira, Lucinda Sousa, Hélder Rocha, só para citar alguns...:))

9:30H o simpático Presidente da Câmara de Valongo dá a partida e siga para a luta! Uma pequena volta pelo centro, passamos na famosa casa das bifanas, viramos duas vezes à direita, e entramos na descida da avenida da Câmara, que nos levaria à rua da passagem, para posteriormente entrarmos numa longa e dura subida com cerca de 1,5 km e 15% de inclinação média!!!

Primeiro km rapidíssimo,  3:40, abrandando, e muito, o ritmo durante a subida que tinha como destino a igreja de Santa Justa. Íamos todo muito concentrados durante esta dura subida, ninguém falava, parecia uma peregrinação, todos em filinha indiana.

Aqui concentradíssimo:


Chegado ao alto era altura de dar corda às sapatilhas e começar uma louca descida, apenas intercalada por umas pequenas rampas, com algumas partes bastante perigosas, com muita laje, pedra solta e água! Seguia num pequeno grupo a um ritmo alucinante, entre 3:50 - 4:20!!!



Foi aqui, pelo km 6, que começou a história das entorses do pé direito... Primeiro uma pequena, 500 metros depois, outra... fosgasse que se passa...não é normal....o colega que vinha atrás de mim brinca um pouco - ei men tás com os pneus muito cheios!! :) mais 1 km e pimba. Esta doeu e muito. Tive que abrandar um pouco, não queria acabar assim esta jornada, desta forma. Perdi o rasto do grupo. Senti o tornozelo a inchar... e agora que faço? Luto com as dores e tento prosseguir. Começo a aumentar o ritmo e as dores como que desaparecem...fixe! Aí vou eu outra vez.

Esforço-me por conseguir entrar outra vez no grupo. Entro numa subida com cerca de 1 km e 4% de inclinação. Como tudo o que sobe, desce, logo a seguir vem uma descida bastante técnica. Muito bom! Consigo entrar novamente no grupo, até que começamos a ouvir barulho de motos que passeavam pelo monte. E não é que estavam a fazer, neste local, o mesmo percurso que nós? Por momentos tivemos que parar no trânsito, nós sem conseguirmos passar, eles sem saberem muito bem o que fazer... situação resolvida e toca a acelerar até à estrada junto ao rio.

Desvio à esquerda e... grande subida... 600 metros, 19% de inclinação!!! E ainda nem chegamos aos 10 km!

Segue-se novo conjunto de subidas com muita, muita pedra, até que, chega finalmente a descida que nos levaria a Couce, onde estava situado o segundo abastecimento.

Era também um local onde se cruzavam os percursos dos 12 e dos 23 kms. Como a estrada era larga não havia, para já, aquela confusão que existe sempre nestas situações.

Finalmente uma parte plana, junto ao rio, com piso fofo, sem aqueles calhaus deprimentes e cansativos!

Cerca dos 13 km acontece uma situação caricata, uma senhora vê um fotografo e toca a fazer uma pose, eu a todo o gás, sem me aperceber, ultrapasso-a pela esquerda e... estrago-lhe o momento... Peço imensa desculpa!!! ;))

 

Olho para o gráfico e vejo que se aproxima, uma das subidas mais duras da prova. 600 metros com cerca de 27% inclinação. Entretanto numa poça de lama, dou mais uma torcida ao tornozelo. mais uns metros a coxear...  

Começa então a subida. Muitos atletas dos 12 km faziam o mesmo percurso. Desta vez não me importei. Estava com dores, não me apetecia, nem tinha forças para ultrapassagens. O percurso era magnífico. Trepar rochas, passar ao lado de grutas, percorrer uma ponte em madeira feita de propósito pela organização. Muito bom. 

Faz-se, novamente a separação das duas distâncias. Continuo a dura subida, até que, vejo umas cordas, agarro-me a elas como se fossem minhas e... ui...o quê? eu não caibo aí!!! Sim tivemos que passar por dentro de umas grutas super apertadas. Muito bem - Alto Relevo, clube de Montanhismo. Espectacular. Os meus parabéns!!!

Saído como que da toca, entro na dura realidade, a subida continuava. Olho para o alto e vi uns atletas já a entrar na descida seguinte. Já vos apanho, pensei. ;) 

A descida era larga. Tinha como destino uma pedreira com umas lagoas muito bonitas.



Durante a descida alcanço alguns atletas. Eu gosto de descer. Gosto de sentir a adrenalina. Sei que por vezes arrisco um pouco demais, mas é trail! :)

Passando a pedreira, virámos à esquerda e vamos encontrar novamente os atletas dos 12 km. Mais uma vês o meu tornozelo resolve lembrar-me que não está bem... 

Grande afluência, ainda por cima numa zona onde tínhamos de atravessar uma ponte improvisada para o efeito. Atravesso a ponte com algumas dores. Já falta pouco, penso.


Até que ouço o grande Alexandre da Foto Conquilha a chamar por mim. Hélder uma foto para o blogue. Aqui tens. Obrigado. És grande!


Muito trânsito. Aproveito uma zona mais larga para ultrapassagens. Chego a uma parede. Trepo com dificuldade. Lá no alto vejo, do outro lado da rua, uma enorme rampa com uma fitas a marcar o percurso. Eu conheço aquela subida. Afinal eras tu, a última etapa. Não te vais rir de mim. Vais ver!!!


Qual 30% de desnível qual quê...


Início duro, com muita pedra solta, aliás como quase toda a subida. Ainda bem que eram só ;) 1500 metros. Tentei manter o andamento solto. Correr nem pensar. Não valia a pena o desgaste. 

O último terço da subida coincide com o famoso elevador. Só quem passa por ele sabe o que falo...

A meio do elevador ouço, vindo lá de trás - "força equipa", "vamos lá". Era a super campeã Lucinda Sousa. Ainda trocamos uma breves impressões sobre as nossas sapatilhas até que a campeã resolveu começar a correr. Sim. Há quem suba o elevador a correr. Eu assisti e fiquei incrédulo.. 

Cheguei ao cimo e senti uma enorme alegria. Estava feito!!!


Seguia-se uma ligeira descida, mais uma subidinha e viramos à direita para uma descida bastante técnica. 1,5 km de curvas e contracurvas, quase sem pedras soltas. Era altura de dar o máximo. Passei pela Lucinda a toda a velocidade, ritmos de 4 e pouco o km. Vocês já sabem. Gosto destes trilhos que obrigam a ir com a atenção no máximo. Curiosamente, até me esqueci que o meu pé/tornozelo estavam tão sacrificados. A nossa mente tem um poder incrível.

Chego ao fim da descida e entro no percurso ecológico. Parte que conheço perfeitamente. Faltava cerca de 1 km até à meta, quase sempre por um passadiço de madeira. 

Ainda fomos brindados pela organização com uma passagem pelo rio para nos obrigar a lavar as sapatilhas. Que bem que soube a água fria!!!

Entro no largo do centenário, onde estava instalada a meta. Cumprimento a minha querida mulher que estava, como sempre, ansiosa à espera deste louco e passo o pórtico, extremamente feliz, com o tempo de 2:17:37s.



Objectivo cumprido!!!

23º lugar na geral em 760 atletas que finalizaram a prova.

Agora é altura de tratar as mazelas... que o próximo está perto...

.


Parabéns a todos os atletas que participaram neste trail muito duro com cerca de 1100 D+, subidas brutais e descidas vertiginosas.

Parabéns à minha equipa - Douroconta Trail Team - pelo excelente desempenho no trail curto. Vamos longe!!!

Organização excelente, percurso irrepreensivelmente marcado, bons abastecimentos, zonas muito bonitas. Enfim, muito bom. Um hino ao trail. Para o ano lá estarei mas, espero que na ultra ;))

Grandes fotógrafos espalhados pelo percurso. Admiro imenso o vosso trabalho. Dão um colorido diferente a esta nossa paixão.


Até breve.

Boas corridas!!!











8 comentários:

  1. Estás uma máquina �� parabens maratonista ass: balbina

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  2. Que grande máquina!!! Espectacular. Muitos parabéns e obrigado pela descrição - fiquei a saber os nomes de algumas das zonas onde passei.
    Aquele abraço e espero que consigas uma rápida e completa recuperação

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    1. Obrigado Carlos. Espero para o ano ter a tua coragem e participar na ultra!!!

      Grande abraço

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  3. Grande prova, muitos parabéns! E parabéns pelo fantástico relato que quase nos transporta também para aqueles trilhos.
    Rápidas melhoras.

    Abraço

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    1. Obrigado pelas palavras. Motivam-me a continuar!!!

      Grande abraço

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  4. Muitos parabéns! Grande forma!!!

    Um abraço

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